terça-feira, 24 de setembro de 2013

Robocop, Grande Irmão e Liberdades Civis

Acabei de ler "Pequeno Irmão", livro de Cory Doctorrow, na qual um grupo de adolescentes luta contra uma tentativa autoritária do governo se impor nos EUA após um atentado em São Francisco.

O autor conhece muito sobre o assunto de liberdade civil e digital, e constrói um bom livro
(Outro bom livro dele é "Cinema Pirata", mas sob vários aspectos ambas as histórias ficam repetitivas em termos de estrutura narrativa).
Uma das coisas que salta aos olhos no livro é perceber como esta realidade não é improvável: basta ver os relatos de parte das pessoas que vão a manifestações - a própria greve de professores recente aqui no Rio, e as ações tomadas pela polícia nestes casos, com a boa e velha conivência de parte da iomprensa sobre muito do que rola de fato nestas situações.

Vivemos em um estado constante de ameaça a direitos civis- direitos estes que não são simplesmente definidos pelo voto. Ao contrário, o voto é a forma mais "civilizada e pacífica" da luta por direitos civis, mas é também a mais inútil se for deixada por si só.

Votar em um candidato que se diga comprometido a esta ou aquela causa de nada adianta se não existirem eleitores - e cidadãos - comprometidos com uma cobrança e empenhados em fazer notar quando e  o quanto discordam e se preocupam com esta ou aquela política pública.

(Não achei um trecho melhor, mas lembram da cena do
governo decendo o sarrafo na população de Neo Tokio?)

Assim, não é de se espantar que o novo Robocop tenha uma pegada mais política que o antecessor, já que o josé Padilha conhece as entranhas da policia (e da política)brasileira como poucos diretores.

Meu medo, enquanto fã dos filmes originais (os dois primeiros, que o terceuiro é muito ruim)sempre foi a do novo filme perder sua essência ácida e crítica.

Menos violência, em si tende a representar um filme 'para crianças", por dizer assim, com uma trama mais plana e banal.

Ao mesmo tempo, um filme que não dependa da violência para se vender, mas se mantenha sério em sua proposta, é ainda melhor.

Ao que parece, o novo Robocop é uma releitura que segue, felizmente, a segunda tendência. Tem critica de valores e costumes sem ficar pausterizado nesse tipo de coisa.


Se Padilha conseguiu driblar de fato a maquina da mesmerisse hollywoodiana, só vou ter certeza quando assistir o filme, mas a critica que o pessoal do "Melhores do Mundo" mandou é bem positiva neste sentido e espero poder concordar quando finalmente assistir ao filme, no ano que vem.

Vamos ver.

Enquanto nós, pobres mortais, aguardamos, sugiro a leitura de "Pequeno Irmão" e de literatura cyberpunk dos anos 80 e mais recente, como "Rainbows End" de Vernor Vinge para pensar sobre  o tema.

Também recomendo, fortemente "Futuro Esquecido: A Recepção da Ficção Cyberpunk na américa Latina" - de Rodolfo Rorato Londero sobre  o assunto (este último é um texto mais denso e só recomendo para quem tbm gosta de cabecices, mas é bem interessante).

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Robocop 2014: Trailer

Hum, ok, AGORA estou um pouco mais tranquilo com o novo Robocop.

Vamos ver se  o filme corresponde ao trailer.


terça-feira, 3 de setembro de 2013

The Day After faz 30 anos

No dia 30 de novembro de 2013 fará 30 anos que o filme "The Day After" foi ao ar pela rede de televisão ABC.

Um marco daquele período, o filme mostrava, dentro da casa de mais de 100 milhões de americanos, algumas das consequências desastrosas de um confronto nuclear.

Os romances "pré-cyberpunk" do início da década de 80 falavam, com alguma frequência, dos temores de confrontos nucleares, nas vertentes pós-apocalipticas, e os desertos entre cidades em ruinas era uma visão de um mundo devastado comum nas imagens sugeridas.

"Damnation Alley", livro de Roger Zelazny, que virou um filme (alias, infelizmente bem ruim) em 1977, precursor do mais famoso e conhecido filme "Mad Max" foi um dos principais livros do período e merece ser revisitado.

A verdade, no entanto, era mais assustadora, e nada tinha a ver com insetos gigantes.

O livro "O Inverno Nuclear" , escrito por ninguém menos que Carl Sagan, junto com outros autores, trazia uma perspectiva assutadora sobre uma guerra nuclear, a de um brusco resfriamento da superficie do planeta, jamais contestada, e causada pelo enorme montante de poeira levantadas a partir das explosões.

Mais assustador, não apenas o arsenal mundial de armas atômicas era capaz de fazer isso uma vez, como seria  o suficiente para fazer isso mil vezes.

Havia, entre muitas crianças, e mesmo adultos, uma espécie de síndrome ligada a ansiedade ligada ao temor de que um confronto virasse realidade, e isso em uma década onde medos como o de uma pandemia causada pelo HIV, não era pouca coisa.

O que se fez, então, foi se realizar, em pleno governo de
Ronald Reagan, um filme que mostrava que o uso de Bombas daquele porte eram incompatíveis com a possibilidade de vida posteiror, ainda que seguida por alguns anos (ou meses) aterrorizantes.

Câncer, cegueira, fome, abortos, destruição, poeira radioativa entrando em todos os poros, e o inverno nuclear se formando são uma perspectiva mais assustadora do que qualquer ficção.

O filme foca principalmente na história de uma família de fazendeiros e em um médico, Dr. Russell Oakes (o ator veterano Jason Robards) e a impotência do homem comum de impedir o caos que se seguiu.

Ao final do filme os produtores avisavam que  o filme até "pegava leve" com a cena, porque a certeza era a de uma guerra nuclear seria ainda mais devastadora e sofrida.

E não, não acho que dessa vez vá acontecer o pior, mas é uma possibilidade que, agora ou em 100 anos, isso ocorra, e é necessário que as pessoas não se esqueçam da ameaça a vida que este tipo de confronto pode gerar.

 Um bom vídeo ilustrativo sobre como o tema ainda merece mais atenção do que tem recebido é este abaixo, e recomendo fortemente que seja visto.


Outro vídeo, curto, traz imagens de algumas das lesões em vitimas japonesas do bombardeio de Hiroshima.
Multipliquem e multipliquem os efeitos com bombas mais modernas, lembrando que os efeitos da radiação chegariam até mesmo aqui, na América do Sul, e em questão de dias.


Sou da opnião de que este filme deveria ser matéria obrigatória em escolas e refilmado a cada 20 anos, pelo menos, porque a possibilidade de uso de armas atômicas não foi uma moda passageira.

Ao contrário, temos agora, um confronto geo-político envonvendo Russia e EUA sobre a respeito da Síria, por exemplo, agora em 2013, que revive os fantasmas da "guerra fria" com toda a pompa.

Por mais que goste de literatura do estilo "pos-apocaliptica", prefiro viver isso nos livros e nos filmes, e não no quintal, pois não?

Para quem nunca assistiu, recomendo. Infelizmente.



Brega Presley

Ps:
O Heder Honório me recomendou um chamado  "Therads", que desconhecia.
Repasso e vou assistir. Segundo ele, esta produção britânica faz "The Day After" parecer Mary Poppins.